segunda-feira, 23 de maio de 2011

ah! se o mundo inteiro me pudesse ouvir







 foto g secchin



Noite,
pássaros de origami,
bonsais,
menu de praias.

Bloquinho,
35 centavos,
solução para desaguar
num prato limpo,
caro,
a estreiteza
de um lapso fatal,
fragilidade d’alma
diante do peso de máquinas.


Lapso fatal, poema publicado em Tectônicas, Ed. Bem-te-vi, 2007


É muito bom ter saudade de algo que está ao nosso alcance. Por exemplo: tenho saudade de escrever em caderno bonito. Ultimamente tenho escrito direto no computador, quando escrevo à mão, uso um bloquinho.

Tenho saudade de pessoas queridas que estão longe, falo no telefone, escrevo um e-mail, marco um encontro. Alguém me pergunta: mas, e se a pessoa morreu, como matar esta saudade? Procuro pensar nas qualidades, transformar a dor da saudade numa bela nostalgia.




foto g secchin


O gesto estúpido é inconsequente.
O gesto estúpido é calculista?
– Só os piores.


Em momentos certos
ou errados,
todos somos estúpidos.
– Existe momento certo?

Amo os plurais,
ainda que obtusos.
Escrevo certo
por linhas tortas
como um deus.
Escrevo errado
como qualquer um.

Em tempo de disparidades anônimas,
cargas implodem.
Impetuosidade vem a salvar,
dos morrões,
das montanhas,
dos deuses relapsos.






foto g secchin



Interessante repassar,
poder ver de outro modo,
o instante que parecia perfeito,
o palco concreto,

outros momentos se aperfeiçoam,
ganham colorido diverso,
como se a casca da noz quebrasse
e ali não fosse o oco,
mas um poderoso combustível.

Sem medo de dar errado,
as tentativas se ampliam
num plural inconformado,
transferindo ao movimento
sua humana desarmonia.

Deuses relapsos e Evolução  são poemas inéditos

Título: Azul da cor do mar de Tim Maia