terça-feira, 8 de novembro de 2011

o amor, o sorriso e a flor




A água como se fosse a vida. O alongamento, a agilidade, a síntese do movimento. O corpo sem o impacto, a leveza de boiar e olhar o céu, a luz e as árvores.

O essencial pode estar escrito, pode estar desenhado e pode se concentrar mudo no olhar. Pode se repetir chato, estremecer o mundo, se fixar num lugar.

A prática decifrada por teoria frágil que de forte tem o pensar. Arremessado para fora do tempo vivido. Escutado como prosa, sermão, documento, matéria viva, não paga.

A soma de todos os medos, os prazeres sem culpa, tantos desejos dispersos, absolutamente indesejáveis, talvez incompatíveis, justificativas injustas. Breves rompantes de petulância maléfica, relevantes.

Somam-se aí todas as práticas e antecedentes e resultados e o que se torna se muda, quando se descobre e é desejável, compatível e justo.
  



 foto analu prestes 





Ponto de partida




A pessoa não sustenta estar em cena,
se ausenta, seja aonde estiver,
só suporta a solidão, o quarto escuro,
refeições em copas conhecidas,
trancada a leste de um umbigo adjacente,
no máximo a oeste,

e nada de pena,
o mundo não suporta a piedade,
já se encheu...
– Autoestima é tudo.
(entreouvido numa caminhada na lagoa)
– Sou rica.
(entreouvido no facebook)
E continua...
Vê se conclui alguma coisa.






foto analu prestes 


Cosmovisão

                           d’après Luiz Alberto Oliveira


Caminante, son tus huellas
el camino, y nada más;
caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante, no hay camino,
sino estelas en la mar.
           Antonio Machado


Estabilidade e caos,
infinitos ciclos,
as configurações não são fixas,
tudo flui...
não importa o padrão,
o suporte,
o sistema,

expressar-se implica transcendência
e realidade cotidiana,

o maestro catalisador
facilita ou dificulta a combinação,
muda o andamento. 

Não é possível descrever
o que se passa em um litro d’água,

a realidade é intensa,
variável, incerta,
abandonemos a presunção,

uma idéia e a terra se move,

a massa não é inerte,
diferentes formas
vão cair de formas diferentes, 

a análise não pode ser redutiva,
combinação é alquimia,

momento de deriva,
os deuses estão se rearranjando,

a realidade é intensa,
variável, incerta,
abandonemos a presunção,

a natureza é expressiva
inventa recursos para criar,
basta saber escutá-la.



Este poema foi  “extraído” das anotações que fiz ao longo da conferência intitulada "Sobre inércia e estabilidade" de Luiz Alberto Oliveira realizada na ABL, Rio de Janeiro, em 3 de outubro de 2011. Parte do ciclo organizado pelo Artepensamento e Adauto Novaes, o mutações elogio à preguiça


Imperdíveis: duas peças que estão em cartaz: Palácio do Fim e Mulheres Sonharam Cavalos. Textos densos, ótimos trabalhos de atores, direção, cenografia...


 Título: Meditação de Antônio Carlos Jobim e Newton Ferreira Mendonça