foto hermano taruma
A salvação é confiar no futuro,
faz bem – talvez seja tão admirável
esse tipo de solução, especialmente quando
se lê jornais –
assistir, já não o suporto.
Consolo – pensar tudo que já foi pior.
E como poderia ser melhor?
Sair da desconfiança é sua única solução,
não existe uma outra opção,
ou melhor, a outra opção não existe,
é o vazio.
De vez em quando, tombo para o lado errado,
me sinto torta, dolorida,
trabalho nisso há anos.
confiar no trabalho,
não ser masoquista,
moralista,
ou corrupto.
Corruptos não dormem bem.
– Será?
Ha, ha ,ha, ha...
– Eles riem muito?
Pior... acham que a merda (deles) é
cheirosa.
Andei lendo outros poetas, aqui os
transcrevo:
Jorgeando 2
para
Paulo Lins e Waly Salomão
na sombra do coqueiro
no meio do coqueiral
eu canto
com firmeza
meu canto espacial
dormi
numa pedra
ao relento
estrelas no céu
noite longa
acordei exausto
entre molas aparentes
o corpo da bailarina
se expressa
se expande
sua coragem
num zig zag
de jeitos e formas
curtindo a pele
com piruetas
e aprontes
porto algum
ou talvez
uma porta
por onde se possa
penetrar
na semana
farta mesa de jantar
vitrines
transeuntes
variadas observações
onde a felicidade?
tecido azulado
o dia vai se processando
em ciclos
de perguntas
e conceitos
como nuvens
se formam se diluem
na plenitude
respiratória do universo
assim é a cor
a luz
brotando entre folhagens
agreste aparecer da claridade
no tempo
entre dias e noites
âmbar
sonâmbulo balançar
do bambuzal
a lenta mangueira
de corte fino
triste porte
a extensa flor dos cachos
na passagem do vento
e da sombra
gerando outra visão
será isso poesia?
um tiro seco
nenhum grito
cães latem
madrugada fria
rio de janeiro
brasil
américa do cu
Poema de Jorge Salomão, publicado em Inimigo Rumor 8, Sete Letras, 2000
Um
Lugar Comum
Saímos
de uma noite, estamos noutra,
Nós
somos um só dia, e nós contamos
Nossos
minutos pelas nossas dores
Sousândrade
Nada como um dia após o outro.
Nada,
um imenso meio-dia, sem descanso:
minério de veio antigo
seco pranto;
cascalho pisado,
natureza bruta
sem espanto.
Poema de José Almino, publicado em Inimigo Rumor 8, Sete Letras, 2000
Tempo
Um dia nos lembraremos deste tempo se
lembranças
houver
que estivemos nesta sala que algumas vezes
nos
tocamos
éramos mais felizes mais moços
um dia nos levaremos deste tempo se levar
houver
Poema de Cacaso, publicado em Inimigo Rumor 8, Sete Letras, 2000
Título, Além do Horizonte de Erasmo
Carlos e Roberto Carlos