Comovente
Lo que se llama "caer en
la cuenta"
es un proceso lento y sinuoso
porque nosotros mismos
somos cómplices de nuestros
errores y engaños.
Octavio
Paz
Estamos tomando medidas desapropriadas para os
cuidados,
não estamos tomando nenhuma medida,
não temos interesse e paciência para prestar
atenção,
não conseguimos tecer fios fortes e leves,
Dizem que tudo o que poderia importar é... o
quê?
O momento, o prazer.
Desestabilizamos todos os sistemas naturais
e depois?
Talvez tenhamos que começar tudo de novo.
Melhor ter lugar para preencher
essa necessidade de escrever.
Fragmentos de um discurso desdramatizante
O sol cegava só os corações vazios, em outros
servia de adubo, plantava soluções discrepantes querendo harmonizar reações,
idiossincrasias.
Atenuantes perguntas – antes camufladas nas
entrelinhas do desenvolvimento dialético – socorriam a alma perplexa. Chorava
de vez em quando, num espaço cronometrado para o íntimo.
O departamento de criação, sincronizado com o
vai em frente zen, acontecia automaticamente no desenrolar de um percurso
crivado de emoções cálidas.
O caminho ia se alargando, enquanto isso, simbolismos
ingênuos transferiam-se para o cerne de
certas comparações metafóricas, formalizando o desafio de contemplar atos
interpostos.
Para as Mulheres, No Que Me Toca
Os sentimentos que eu não tenho, não tenho.
Os sentimentos que não tenho, não direi que os
tenha.
Nenhum de nós tem os sentimentos que seria de
seu agrado que nós dois tivéssemos.
As pessoas não têm os sentimentos que têm
obrigação de ter.
Quando elas dizem que estão com sentimentos,
não estão com nada.
Tenha certeza disso.
Se você quiser assim que algum de nós sinta
coisas,
é melhor abandonar essa ideia e não pensar nunca mais em sentimentos.
é melhor abandonar essa ideia e não pensar nunca mais em sentimentos.
To Women, as far as I’m concerned
D.H. Lawrence tradução de Leonardo Fróes
“Para o homem, a grande maravilha é estar vivo.
Para o homem, como para a flor e a fera e o pássaro, o supremo triunfo é estar
repleto de vida, vivo na maior perfeição. Seja o que for que talvez saibam os
nascituros e os mortos, eles não podem conhecer a beleza, a maravilha de estar
vivo na carne. Os mortos podem se encarregar do depois. Mas o grandioso aqui e
agora da carne é nosso, e só nosso, e nosso apenas por um tempo. Devemos dançar
em êxtase por estarmos vivos e sermos parte do cosmo encarnado e vivo. Sou uma
parte do sol como meu olho é parte de mim. Que sou parte da terra, meus pés
sabem perfeitamente, e meu sangue é parte do mar. Minha alma sabe que sou parte
da raça humana, como meu espírito é parte do meu país. Sou parte da minha
família, em meu próprio ser. Não há nada de mim que seja absoluto e só, exceto
minha mente, mas descobriremos que a mente não tem uma existência em si mesma,
é apenas o brilho do sol sobre a superfície das águas.
Meu individualismo é assim uma ilusão
realmente. Sou parte do grande todo e disso nunca posso esquecer. Mas posso
negar minhas conexões, quebrá-las e me tornar um fragmento. Nesse caso eu me
torno um desgraçado.
O que queremos é destruir nossas falsas
conexões inorgânicas, especialmente as relacionadas ao dinheiro, e restabelecer
as conexões orgânicas vivas, com o cosmo, o sol e a terra, com a humanidade, o
país e a família. Comece com o sol e o resto – lenta, lentamente – acontecerá.”
D. H. Lawrence (Inglaterra, 1885-1930) é
mais conhecido por seus romances, entretanto, sempre escreveu poesia. O poema e
o texto acima foram extraídos do livro: Poemas
de D. H Lawrence Edição bilíngue
do centenário. Seleção, tradução e
introdução de Leonardo Fróes,
Ed. Alhambra, 1985.
Título: Na Linha do Mar de Paulinho da Viola