É rápida a faísca,
memorizada, ilumina toda a vida.
Questão de sobrevivência.
Respira na fonte, passa pelo breu.
Cirurgia, passaporte pra sair
do pobre ermo caminho.
Não diga que é forte,
nem que é fraca.
Ainda está aprendendo
aonde não brecar.
Híbrida, desmesurada,
esqueceu que heróis existem.
Abalroada, sem ritmo
vive em extrasístole.
Corre atrás, sem conhecer
os passos, nem a estrada.
Aconteceu no Recife
Turistas saem do hotel
reparam a figura desmaiada,
dura testa no chão de asfalto.
A poucos metros do corpo,
uma pasta amarela com elástico.
O porteiro do prédio em frente
chama a defesa civil.
Um transeunte ousa tocá-lo, ele respira.
O homem da banca de jornal arrisca:
é fome.
Primeiro água.
Goles sorvidos
fazem a palidez murmurar
confirmando: é fome.
Chega a comida sem talheres,
direto com as mãos.
Recobrado, não há alguém para ler,
o currículo na pasta amarela.
Agora vem o Dr. Craig Venter e esse estouro na mídia dizendo que foi criado o primeiro ser vivo artificial. Na verdade, um ser vivo foi transformado em outro. O que os cientistas fizeram foi transformar uma bactéria Mycoplasma capricolum em outra, a Mycoplasma mycoides. Parece que estão conseguindo transformar ficção em realidade. O x da questão é, será para o bem ou para o mal?