sexta-feira, 7 de agosto de 2009

disse alguém que há bem no coração


Um amigo alertou: não perca este encontro. O Poesia em Foco vai acontecer dia 30 de julho no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ – Você tem que ir!  Alguns dos melhores poetas da cidade estarão reunidos no Salão Dourado, na Praia Vermelha. E estavam.

Antônio Cicero
Armando Freitas Filho*
Claudia Roquette–Pinto
Eucanaã Ferraz
Paula Glenadel
Paulo Henriques Britto**


foto g secchin

No Retrovisor de Armando,
a emoção aflora aos olhos.
O Diamante de Cicero
calca a palavra repartida.*

Goza o instante, ele não vai durar. **

Paulo revela: “quando você traduz, você realmente lê.”

Nas indagações de Claudia fica claro:
estava habituada à concentração do poema,
e ao experimentar a prosa,
“é como se estivesse perdendo sangue,
morrendo, não sei aonde vou parar.”

No mundo de Eucanaã,
“o importante é a capacidade de cristalizar,
dar corpo às ideias, apreender
e formar alguma coisa que é você.”

E o Móbile “era lindo, era fácil era puro.”

Como disse Armando, “a gente faz parte desse rio
que vem de Mário de Andrade.
Você fica contaminado, como uma caxumba, uma catapora.
Acho bacana que o cara fique sarapintado de um Drummond,
                                                                    de um João Cabral.
Você tem que ter orgulho dessa cicatriz.
E quando vemos uma mancha gráfica,
pensamos: é prosa.”
Nem sempre.

“Desejando que a pedra parta da pedra.”
O amor de Paula está na literatura francesa.
Exerce fascínio a Nadja de Breton.***

Para Cicero, “quando o poeta está presente, o filósofo se retira.
Quando o filósofo está presente, o poeta nem chega perto.
Mas a paixão pela poesia sempre permanece.

E os poetas pensaram o mundo no livro de Adauto.”****
Em Balanço, inédito,
“A infância não foi uma manhã de sol.
Antes de ser adulto serei velho.”

Pois é, Armando, também quero crer
que poesia não tem aposto.
Concordo que “sempre que a gente não faz
é porque a gente não soube.
E cada um é cada um.”

Como descreveu Antonio Candido –
não em público, em carta:
“você não registra, você delibera.”
Impressionado, o poeta afirma:
“As coisas que Candido diz,
a gente tem que ficar pensando nelas a vida inteira.”
  
Quantos poetas já falaram da pedra?
E segue um Torpedo de Armando:
“A natureza erra.”



 técnica mista sobre papel g secchin


Quem esteve presente agradece às poetas Paula Padilha e Lígia Dabul pela organização.  E ao Congresso de Sociologia por acolher esta noite de Poesia em Foco.

Diamante, Retrovisor, Móbile e Balanço são títulos de poemas dos respectivos poetas.


***Nadja de Andre Breton, tradução Ivo Barroso,  Editora Cosac Naify, 2007.
****Poetas que pensaram o mundo, organização de Adauto Novaes, Editora Companhia das Letras, 2005.

Título, Disse Alguém (All of me, Gerald Marks and Seymour Simons-1931)
Versão em Português de Haroldo Barbosa.

Um comentário:

  1. all of me,
    why not take all of me?
    can´t you see
    I´m no good without you...

    Que delícia pensar nessa música!
    beijos

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