terça-feira, 6 de julho de 2010

quando você se requebrar caia por cima de mim...

Encantamento,
a todo momento esperas
surpresa
que supere mesmice,
quietude.

night and day,
you are the one.

Melômana,
sonho nos ouvidos,
desce a euforia dos pensamentos
para outra parte do corpo,
técnica de sobrevivência
diante de
“la difficulté d’être”.

Confundes intuição
com desejo.
Passas sem estares.

Não, não morres aí.
Corre, corre!
O elevador está ali,
o botão te espera.

Não, não morres aí,
inclua horrores,
faz-te presente.


digigravura g.secchin

“A vida sem música é simplesmente um erro, uma tarefa cansativa, um exílio. Há vida fora da música?” Peter  Sloterdijk

A mãe canta a vida para o bebê. É aqui que para Levitin, em contrapartida, o gosto musical é detonado. Nossas preferências musicais começam a ser formadas antes de nascermos, além de este período determinar a construção da qualificação musical.  Leonardo Davino em O Globo, Prosa e Verso, 29 de maio de 2010, sobre A Música no seu cérebro – A ciência de uma obsessão humana, Daniel J. Levitin, Ed. Civilização Brasileira, 2010.

O mar é mãe,
meu mar.
O mar é mãe.
Meu mar verde,
me acolhe.
         O mar é mãe.
Poder de berço,
         vem onda, vem
                                    mar.
Poema do mar, homenagem a Manuel Bandeira, publicado em Tectônicas, Ed. Bem-Te-Vi, 2007



digigravura g.secchin



A onda

a onda anda
aonde anda
         a onda?
a onda ainda
ainda onda
ainda anda
         aonde?
aonde?
a onda a onda

Poema de Manuel Bandeira, publicado em Estrela da Tarde, 1963.


digigravura g secchin


Sabe o que é resiliência? Pesquisando sobre o assunto, encontrei um texto de Jean Garneau, psicólogo francês do qual traduzi o parágrafo abaixo:


“A origem do termo vem da física, para denominar a resistência de um metal aos choques [e sua capacidade de retornar ao seu estado normal]. Sendo particularmente útil para avaliar as habilidades. Por extensão, nós adotamos este termo para designar, dentre diversas propriedades, a aptidão para ultrapassar ou suportar os choques sem ser destruído. Em psicologia, o termo serve para designar a capacidade de se refazer uma vida e de ‘desabrochar’ ao superar um choque traumático grave. Trata-se de uma qualidade pessoal que permite sobreviver a grandes provas e sair amadurecido, apesar da importante destruição interior, em parte irreversível, sofrida durante a crise.”
 

digigravura g.secchin 


Cada calculo seria erro,
mapa catástrofe delineado.

Sou reparos
nos estragos do pano intacto,
sou extremos
sem pacto.

Estive secreto,
temporariamente concha,
para ser pleno,
saber ser,
só temporariamente
secreto.


Poema sem título publicado em Ventanias, Ed. Sete Letras, 1997.

O resto é mar...

título: o que que a baiana tem?  Dorival Caymmi
final: wave, Tom Jobim
melômana, poema inédito
nigth and day, música de Cole Porter
la difficulté d’être,1958, livro de Jean Cocteau.


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