segunda-feira, 12 de setembro de 2011

o tempo rodou num instante




Um amplo campo vertical de sol
limitado em minha janela
Um cabedal de calma
em meus prenúncios

tenho sido véspera
nesses dias.

A maturidade se anuncia,
ou apenas tempo que se desprende
entre a passada agonia
e a agonia próxima?

O fato é que flutuo,
mansa,
minha alegria.


Poema sem título de Gardênia Garcia publicado em Corpo de Sal, Editora Massao Ohno, 1979

Soa-me familiar e elegante esse poema de Gardênia, de um frescor...sem futilidade, conheci-a exímia cozinheira, seus dotes de boa entrevistadora, soube pelo livro que me veio diretamente de suas mãos, nos idos 1990.






foto maritza caneca




Caber



Caber é verbo sublime.

Entre cabimento e presença,
tênue elegância,
compasso fremente,
ascese,
acaso ou escolhido,
espontâneo ou voluntarioso,
verdade acabada.





 foto maritza caneca




Dois filmes



Água viva sai da terra,
cheia de erros e acertos,  
liberdade nunca está pronta.

Não, não vai tão longe
sua melacolia,
tantos versos tristes,
poucos risos longos.

Amadurece
sabendo gastar o tempo...
Na árvore da vida
tudo tem sua hora,
o que se decide,
o que faz parte
e ao mesmo tempo não pertence.

Pode se apegar,
fazer vínculo.
Nenhum sentido fere como mentira,
nenhum engano pode ser repartido,
feito bolo,
perdas não se dividem.

É certo, o mundo vai acabar
ele não quer que ela veja,
que ela se desespere,
preocupação em ser feliz,
estar feliz,

todos acreditam em um único deus,
é a vez de pensar,
como gastar seu tempo.


 Caber e Dois filmes são poemas inéditos

 Título, verso de Roda Viva de Chico Buarque








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