GRADAÇÕES
d’après João Carlos Salles
Não dava conta de gradações,
não havia conseguido
demarcar por completo
o campo do espaço lógico.
Por exemplo:
isso está assim, ou,
eu creio que isto está acontecendo.
Não podemos enunciar no presente?
Que ruído é esse? O que emperra?
Crer é um estado anímico,
não tem duração.
Falácias formais e não formais
tentam nos persuadir,
é muito comum isso...
Como se o sujeito fosse desenhado pela linguagem,
sem ter sido ele seu fundador.
Algumas coisas não são contraditórias,
mas funcionam como se assim fossem.
– É normal ser razoável?
A poesia tenta se aproximar
da sofisticação de certas lógicas.
Não se
apegue, nem rejeite e tudo será claro.
Não
devemos confiar em algo e sim no estado de confiança.
Fé é a
intensificação do interesse constante.
Lama
Gangchen Rimponche
Os oráculos budistas nos fazem pensar, neles
encontramos o zen, o acaso, o que está em nossas mãos e o que independe de nós.
Existem as nossas escolhas, o meio e o acaso. O acaso pode brilhar, as escolhas
também, o meio é sempre o meio. O que me preocupa é o autêntico.
Vou seguir catalisando as forças da positividade para
uma satisfação despreocupada, exibindo um sorriso desprendido. O peso que
segura as consequências não é sempre leve. Vou continuar congratulando-me com a tonalidade da vida,
aberta aos paradoxos, diluindo sensatez com instinto, misturando-me, somando
passos, pulos, saltos e tombos.
Quando o socorro vem, toma a forma de clareza e me guia em meio a
torturas que fazem parte de rotas desconhecidas, esperançosamente vividas, no
dramático exagero de um ser comum, que ama escorregar em fantasiosas
felicidades, atônita, encabulada, reconhecendo qualquer coisa de especial na
simplicidade do ar...
Como pessoas escolhem
ser tão diferentes?
Como pessoas escolhem
fazer coisas tão de repente?
Uma escolha
pode tirar uma vida,
outra escolha
pode salvar uma vida
Mas como escolher,
uma escolha tão difícil?
Ficar na dúvida é tão mais fácil!
Por quê?
Qual?
Como?
Sua escolha muda tudo.
Como?
Poema de Ricardo Casotti Secchin, escrito em
2010.
QUALQUER
LUGAR
Eu estava lá,
lá em qualquer lugar,
seja no paraíso,
seja em qualquer lugar.
Mas isso não importava.
Afinal, o que importa?
Eu estava lá de novo,
lá em qualquer lugar
seja na sua casa,
seja no mar.
Estava lá eu,
lá em qualquer lugar,
pensando o porquê –
eu estava lá.
Cheguei a conclusão de que eu estava lá,
estava lá para viver,
viver a vida com felicidade,
em qualquer lugar.
Poema de Antonio Casotti Secchin, escrito em 2008.
Amamos vocês!
ResponderExcluirDaniel, Floris e Alice