quarta-feira, 22 de agosto de 2012

pneu furou, acenda o farol



Dados Incompletos


  

O que ainda resta
na reviravolta
volta.

O que acabou,
acabou.

Ampliar a porosidade
pressupõe conhecer a origem.

O impensado existe,
existir não basta.




Passeio de Câmera




Vigésimo primeiro volume
da série: inferno provisório.

Vibre,
mantenha a calma.

Pense em Cândido e o Otimismo:
esse é o mundo que a gente tem.

E continue...
mantenha a calma...

circularidade, ambiência, espelhamento,
repito: aiuto, socorro, help!

Respiro,
já volto!





 foto maritza caneca




Se a autoridade renuncia a si mesma, a liberdade não se constitui como tal.

(...) No Brasil é que está havendo tendência de considerar autoritária toda espécie legítima de autoridade.(...)

Agora, um não fundamento tinha que ter consequências práticas, porque sem isso, você desmoraliza teu discurso e o teu discurso é um discurso de autoridade. Paulo Freire



Maxilares tensos,
versão estilizada em padrão normal
contra a estética civilizadora.
O que são riquezas pensamentos imperfeitos,
risos pobres,
estética,
moderno,
são?
Voo melhorar o rit
mo pacato do meu coração.

Aiuto, socorro, help!
Prazeres e culpas dores,
desgraças da humanidade.


Poema publicado em Ventanias, Ed. Sete Letras, 1997





 foto maritza caneca





Lições de Abismo


Cansaço
aperta músculos estúpidos
que recebem toda carga

A força
não se distribui.
Cai chão,
roda pião,
“lições de abismo”.

É preciso inventar
nova forma de ser.

Caber
no tamanho da fome
e da gentileza.

Refletir o sentido puro do tempo.
Lembrar a palavra exata
do momento.

“O desejado existe,
existir basta.” *



Poema publicado em Tectônicas, Ed. Bem-Te-Vi, 2007
* Em Lições de Abismo, pág. 19, Gustavo Corção, Ed. Agir, 1962



Nova Poética


Vou lançar a teoria do poeta sórdido.
Poeta sórdido:
Aquele em cuja poesia há a marca suja da vida.
Vai um sujeito,
Sai um sujeito de casa com a roupa de brim branco
muito bem engomada, e na primeira
esquina passa um caminhão, salpica-lhe
o paletó de uma nódoa de lama:
É a vida.

O poema deve ser como a nódoa no brim:
Fazer o leitor satisfeito de si dar o desespero.

Sei que a poesia é também orvalho.
Mas este fica para as menininhas, as estrelas alfas, as
virgens cem por cento e as amadas que
envelheceram sem maldade.



Poema de Manuel Bandeira, escrito em 19 de maio de 1949, Antologia Poética, Ed, José Olympio, 1987.

Dados Incompletos e Passeio de Câmera são poemas inéditos

Título: Acenda o Farol, Tim Maia



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