Ambições
poéticas
habitam o
verso,
flagrante
desejo,
cisma de
resistência,
dinâmico
diálogo,
desliza na
imagem,
abismo de
acesso,
passagem
para...
Chácaras da Mente
Asperezas rarefeitas,
flagrante perfeito:
calma sonho, plenitude.
– Abre-te Sésamo!
A ligação do sino
com o silêncio
etéreo.
Chácaras da mente
apontam o sério,
dizem a verdade.
Temperos
Na
arrogância,
um basta,
sem
alianças,
no azedume,
suspiro,
pitada de
limão,
no sal,
um susto,
um susto no
sal,
no frescor
verde
erva é
sugestão.
A arte de
misturar,
variar
temperos,
destrói vermes
literalmente.
Não resisti, copiei trechos do brilhante ensaio “A Propósito do Otimismo” de André Lara
Resende publicado na revista Piauí de número 76, de janeiro de 2013. Ele começa
fazendo uma análise do livro The Rational
Optimist de Matt Ridley, e termina com os parágrafos abaixo.
“O
conhecimento é efetivamente cumulativo, possivelmente até mesmo exponencial,
mas a vida humana não é uma atividade cumulativa. Não há garantia de que aquilo
que avançou numa geração não vá ser integralmente perdido na próxima. (...)
Precisamos
desesperadamente encontrar um sentido para a existência. Despidos da
religiosidade tradicional, já não podemos mais crer na sacralidade da vida.
Passamos então a crer no progresso da humanidade. Infelizmente trocamos uma
bela e reconfortante ilusão por um mito arrogante. É essa arrogância que
aparece no desprezo pelo planeta, que subordina toda biodiversidade ao nosso
instinto predador, que nos faz acreditar sermos capazes de controlar nosso
mundo e nosso destino.
Talvez não
possamos prescindir de algumas ilusões. A esperança é com certeza uma delas.
Talvez por isso o otimismo nos faça bem. Ter esperança de que as coisas vão
melhorar quando estão mal, de que seremos capazes de realizar os desafios que
nos impusemos, de que iremos em frente, parece fundamental para nossa saúde
física e emocional. Mas é preciso ter esperança sem procurar razões para ter
esperança. Aceitar a contradição entre nosso impulso vital, que é a esperança,
e a razão que é o instrumento de que dispomos para nos guiar num mundo
perigoso. Um mundo implacável, do qual temos dificuldade de extrair sentido. A
razão deveria nos fazer cautelosos, sóbrios e humildes. A razão toma nota, faz
o mapa do nosso entorno, soa o alarme, alerta para os riscos do desconhecido. A
esperança é humilde e essencialmente irracional. Há uma insuperável contradição
entre a racionalidade e o otimismo. Uma contradição vital, da qual dependemos e
não podemos prescindir. Quando pretendemos superar essa contradição, explicar o
otimismo pela razão, traímos a razão. Quando a esperança se torna arrogante,
traímos a esperança.”
título, não deixe o samba morrer de Edson Conceição e Aloísio
A Casa é um
poema inédito, Temperos e Chácaras da Mente foram publicados em Tectônicas, Ed.
Bem-Te-Vi, 2007.
Essa foto e la em Marataizes ne?
ResponderExcluirSim, vc conhece...
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