segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

hoje, eu não quero sofrer, hoje, eu não quero chorar...


de perto, de longe g secchin


Guizos


Nada do humano me é estranho.
O que escrevo, por vezes soa triste, pesado.
Na vida, procuro não ser assim.
Vira e volta erro nas medidas.

Responsabilidade não é igual a sensatez,
nem racionalidade é bom senso.
Experimentar não é adotar.
Alegria não é mania.
– Guia alegria!

Quando a consciência
não se deixa dominar
por angústias tremens,
é possível fugir do ângulo
de respostas prontas –
histeria invertida em compulsões.

Na sensibilidade do choque,
a experiência engasga.
Uns sucumbem aos estímulos,
outros dormem à sombra,
cegos de sol.
  

 de perto, de longe g secchin

A dúvida permite um outro olhar,
o outro como possível igual
o ser humano ser um só
múltiplas culturas;

o mesmo e o outro,
o outro e o mesmo,
são o outro,
são o mesmo;


a permanente construção
da flexibilidade
e capacidade de entender,
empurra novos significados
abrindo espaços.


“ O destino do escritor é uma coisa curiosa. No início ele é barroco, e com o passar dos anos talvez atinja, se os astros forem favoráveis, não a simplicidade, que não é nada, mas a complexidade modesta e secreta.” Jorge Luis Borges

 de perto, de longe g secchin


Barroco


Mestres profundos de fontes límpidas
perdoai e ensinai
os saberes mais saborosos e contundentes que conheceis.

Explicai como conseguir não remeter ao coração
destroços da razão, tolices do saber,
que imperam aonde não vigora intuição.

Continuai escrevendo,
quando bem dispuseres,
pensar com maestria e nobilíssima coragem.

Usaríeis temas rudes,
sem com tal sentires inferioridade?
Mas claro, pois saberíeis tratar-se essencialmente:
princípio.

(poema publicado em Ventanias, Editora Sete Letras, 1997)


“Mas é carnaval,
não me diga mais quem é você

Amanhã tudo volta ao normal

Deixa a festa acabar,
deixa o barco correr,
deixa o dia raiar
…”


* título “o primeiro clarim” de Rutinaldo e Klecius Caldas

**final “noite dos mascarados”, de Chico Buarque

Guizo e Outro Olhar, Olhar Outro,  poemas inéditos

O Mesmo, o Outro, El otro, El mismo (1964) Jorge Luiz Borges, Ed. Companhia das Letras, 2009




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