quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

pro dia nascer feliz






Não faz sentido
descrever o que é a flor,
bastando o cheiro, a imagem, o tato.

Nada floresce,
uma necessidade faz brotar.

Cotidiano intenso,
trabalhado pela impermanência,
cimentado pela falta.

Queima o bolo estomacal,
dói o ventre vazio.

Questão de sobrevivência.







foto rodrigo romano








A Um Clique


Pensamentos imperfeitos
partilhados por
incompletudes,
diferenças canibais
num tom fluido
e ambivalente.

Vem a verdade,
trata-se de
desvelamento,
clareza.

Na correria da hora,
um novelinho se desfaz .

Ah, que emoção,
o que não há como prevenir!






foto rodrigo romano




O filho mais novo, Ibrahim, quando se casou, continuou morando com a mãe viúva. A casa era bem grande e ele estava começando seu negócio de comercialização de azeite de oliva.

Eram quatro quartos, um da mãe, que estava com mais de 80 anos, outro do casal, um quarto de hóspedes e um quarto dos filhos de Ibraim e Safira. Havia ainda, uma sala de estar e outra sala com uma televisão e um piano. Do lado de fora, construíram uma espécie de caramanchão,  aonde Safira costurava. Ela fazia colchas, cortinas e roupas para as famílias mais ricas da cidade.

Ibrahim estava viajando a trabalho. Safira fazia novas cortinas para a sala de estar, quando a torneira do banheiro começou a  pingar.

Elian, o irmão mais velho de Ibrahim, foi visitar a mãe. Ao entrar no banheiro, ele notou que a torneira da pia pingava e precisava de um reparo. Foi até a garagem, pegou uma caixa de ferramentas e pôs-se a consertar a torneira.

Enquanto isso, Karim, o irmão do meio, também chegava para visitar a mãe. Os dois começaram a criticar Ibrahim, dizendo que ele não se preocupava com a manutenção da casa. Safira escutou tudo e os interrompeu: “Por favor, levem em consideração que a torneira está pingando há dois dias e seu irmão está fora há uma semana” –   despejou um olhar raivoso e saiu.

Quando Salma, uma cliente de Safira, chegou, Ibrahim estava na sala com os irmãos que faziam uma visita à mãe.  Ao passar pela sala, a jovem cumprimentou a todos. Era uma bela moça de dezenove anos e sua entrada causou frisson entre os irmãos. Safira projetou os olhos em Ibrahim e seus irmãos, o mesmo olhar de antes, do dia em que a torneira pingava.

A Casa dos Sírios é um conto inédito.

A Um Clique e “poema sem título” também são inéditos

Título: "Pro Dia Nascer Feliz" de Cazuza






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